terça-feira, 13 de maio de 2008

Pobreza (de quem)?

Esse é um tema que eu gostaria de debater com mais calma, mas, prometo voltar a falar dele... 
Por enquanto, deixarei apenas um breve pensamento que é mais ou menos assim:

"As pessoas em nações pobres estão confortavelmente bem; As pessoas nas nações ricas, geralmente pobres."

Peço desculpas por não saber a fonte dessa informação mas, eu assinaria em baixo.
Me lembro de uma vez que fui pra São Paulo, no bar do Zé Batidão, em um bairro na zona sul (que com certeza não está no guia da Veja São Paulo).

Sentada em um boteco, pedimos uma porção de carne seca e um copo de cachaça. As pessoas da comunidade se reuniam ali toda quarta para realizar o Cooperifa - uma cooperativa cultural - que toda semana realiza um Sarau.



As pessoas se reunião ali para compartilhar sentimentos. Em uma favela, um boteco, imagina-se bebidas, esbórnia, falação - lá existia silêncio total (a não ser a voz que eu ouço e ecoa em mim até hoje de quem se apresentava),as pessoas da comunidade bebiam refrigerante e tinham sobre a mesa seus livros (publicados de forma artesanal) o que os deixava ainda mais interessantes. Crianças, homens e mulheres desfrutavam ali de uma das apresentações culturais que eu mais gostei de ver...

Não, eu não quero exaltar a pobreza. Ela me deixa triste. Mas, o que é pobreza?
Aquelas pessoas ali, acostumadas com a exclusão, exaltavam suas raizes, a cor negra era o uniforme da cultura e era invejável o tesão que eles tinham de fazer parte daquela comunidade, daquele bairro. O orgulho estampado na voz, a revolta solta no ar, compartilhada ali com todo mundo.

As pessoas eram todas recebidas com um Salve e, para minha surpresa (das boas), um dos moradores da comunidade era um conhecido meu ( um músico de um bar na Vila Madá). E eu, na minha pobreza, me orgulhei de ter aquele vínculo tão pequeno com alguém dali - como se eu fizesse ao menos uma pontinha de parte daquela riqueza que não se vê no Morumbi...

É triste a pobreza que mata! Mas a pobreza de espírito também mata - aos pouquinhos mas espalha-se como epidemia.

" Perdure a notícia, ao menos, de alguém que neste país novo ocupou a vida inteira em criar uma indústria liberal, ganhar alguns milhares de réis, para ir afinal dormir em sete palmos de uma sepultura perpétua. Perpétua!
Machado de Assis

Um comentário:

Unknown disse...

Eu lembro de você contando essa aventurinha boa ;)
Saudades Mazinha ...