quarta-feira, 30 de julho de 2008

Pelo maior tempo possível


Eu poderia discursar dos tempos quando eu era criança e da maneira com que aproveitávamos a infância. Ou ainda, falar das histórias que eu ouvia dos mais velhos da época em que eles eram crianças... Já diziam eles que as coisas iam perdendo a graça e sinto como se as novas gerações perderam ainda mais do que a minha.

Eu ainda brinquei na rua de casa, sei o que é um peão, sei como fazer boneca com espiga de milho, andar com perna-de-pau e fazer massinha com trigo e água! Jogava basquete também na rua ou o que era melhor ainda: Taco com os primos de Leme ou Bets com os de Jales.

Esses dias conheci a Illana. Uma menina de 3 anos que brincava com um pedaço de pau enquanto sua mãe fazia tortillas para vender aos turistas.

Meu espanhol não é tão claro para me comunicar bem com crianças mas, eu tinha que tentar. Pouco conversamos e achei que era a hora de fazer alguma graça para conquistar a confiança da garotinha....então, pedi que me passasse o pedaço de pau (como um cabo de vassoura) e, sentada, fazendo careta comecei a equilibrar na palma da mão. A garotinha sorria absurdamente e eu me prendia naquele sorriso com medo que a pureza guardada nele logo se perdesse.

Aquele sorriso cativante e carregado de inocência enchia meu coração e meu pensamento torcia para que isso tudo fosse preservado... pelo maior tempo possível.

“A civilização criou a suprema fúria das precocidades e dos apetites. Não há mais criança. Há homens. As meninas, que aliás sempre se fizeram mais depressa mulheres que os meninos homens, seguem a vertigem. E o mal das civilizações, com o  vício, o cansaço, o esgotamento, dá como resultado crianças pervertidas. Pervertidas em todas as classes; nos pobres por miséria e fome; nos burgueses por ambição de luxo; nos ricos por vício e degeneração.”

João do Rio

27.07.08

Um comentário:

Anônimo disse...

May it be eternal while it lasts...