.jpg)
Não. Não deixo de escrever por falta de inspiração.
A vida é cheia de inspirações: pequenas, discretas - mas cheia delas...
E eu tenho tido a sorte de trombar pelo caminho pessoas que fazem dos meus sapatos um lugar bem bacana de se estar.
Nos últimos tempo, um milagre tem acontecido frequentemente: o milagre das folhas.
" Estou andando pela rua e do vento me cai uma folha exatamente nos cabelos. A incidência da linha de milhares de folhas transformadas em uma única, e de milhões de pessoas a incidência de reduzi-las a mim. Isso me acontece tantas vezes que passei a me considerar modestamente a escolhida das folhas. Com gestos furtivos tiro a folha dos cabelos e guardo-a na bolsa, como o mais diminuto diamante. Até que um dia, abrindo a bolsa, encontro entre os objetos a folha seca, engelhada, morta. Jogo-a fora: não me interessa fetiche morto como lembrança. E também porque sei que novas folhas coincidirão comigo.
Um dia uma folha me bateu nos cílios. Achei Deus de uma grande delicadeza”
Clarice Lispector
No meio de tanta gente, em tanto lugar , a todo momento, tenho tido o prazer de me deparar com pessoas que me fazem sentir afinidade imediata. E, nas poucas oportunidades de conhecê-las, percebo que há mais em comum do que os olhos podem ver. Bem mais.
E é uma sensação tão boa!
Isso pra mim é milagre. Pois com uma sutileza que não se explica, as pessoas são "colocadas" em nosso caminho. Propositalmente.